Ano novo, planos novos. Para muitos, este é um importante momento de reflexão da própria carreira. Mesmo que tenhamos uma carreira sólida e estável, nos últimos anos tornou-se fundamental o freqüente questionamento sobre os rumos que estamos trilhando. Assim, muitos dos novos planos levam ao aprimoramento do conhecimento, ao estudo, e nesta ótica, ouço muitos executivos afirmarem que não se pode mais ficar sem estudar. Sem dúvida, este é um tema muito oportuno e nos remete à máxima de que “quanto mais aprendemos, menos sabemos”. Isso decorre do próprio questionamento sobre as coisas novas que aprendemos e, portanto, sempre queremos saber mais. Nestes tempos de excesso de informações e stress de sentidos, este processo se agrava, fazendo com que tenhamos sempre mais necessidade de conhecimento. Por isso, o executivo que não tem atitudes favoráveis em relação ao seu próprio conhecimento, não pode se considerar competente.
Todavia o que são as atitudes favoráveis? O que é um perfil de competências? Estas são questões cada vez mais complexas que remetem a pelo menos duas posições de cobrança: a do próprio executivo em relação ao seu perfil de conhecimento e a da empresa, que quer ver todos os seus executivos na posição de treinadores. Algumas empresas adotaram em seus perfis de Recursos Humanos a formação intelectual, ou seja, ou você está estudando e aprimorando seu conhecimento, ou você ficou estagnado nas possibilidades de crescimento profissional. Esta iniciativa pode e deve ser tomada pelos profissionais que desempenham papéis de gestão nas empresas, mas que precisam de ajuda no sentido de refletirem sobre a própria carreira e direcionarem este esforço de aprendizado, já que aqui acontece uma inversão de papéis, ou seja, o treinador é que precisa de treinamento. Para isso, existem métodos de auto-capacitação muito eficientes, como o Coaching, por exemplo, que virou uma espécie de febre corporativa. Como o próprio nome denota, coach significa treinar como verbo e treinador como substantivo. O Coaching de Carreira é uma ótima ferramenta de auto-gerenciamento de competências que possibilita que executivos e profissionais de gestão reflitam sobre os destinos da própria carreira e aprimorem o seu perfil profissional. Entretanto, o treinador que treina o treinando, precisa ter mais conhecimento do que este último. Mas então quanto conhecimento é necessário? Ele é quantificável? Talvez não, se considerarmos que a capacidade de assumir o papel de coach vem das experiências profissionais e pessoais deste orientador e dependendo do cargo e atribuições, para treinar este treinador é preciso muito preparo.
Ao conversar com empresários e executivos que adotaram a prática do coaching como clientes, tenho perguntado sobre o perfil destes treinadores, tentando estabelecer um padrão de capacitação para exercer o coaching. É interessante concluir que ouço que os melhores treinadores são aqueles que nunca foram treinadores, mas cuja experiência e competências de carreira convergem para os objetivos do próprio cliente. Isso é muito produtivo, pois o executivo que recebe o coaching não perde o foco sobre o que estava construindo e também não cria momentos de ruptura em relação à carreira que estava desenhada. Desenhada? Na maioria dos casos, a carreira nunca foi questionada e sequer esquematizada. Por isso, acredito que o processo de coaching requer um plano bem detalhado de execução, que vai da formatação ou revisão de um plano de carreira, passa por um amplo repensar das redes de relacionamento empresarial e social e converge em objetivos profissionais claros que estejam alinhados com os objetivos pessoais. Sem estes atributos, talvez o processo de treinar o treinador fique comprometido, parecendo sessões vazias de terapia sem o devido efeito e no qual o cliente pode não perceber qualquer benefício. Por isso, é fundamental ter início, meio e fim.