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Martin Ricardo Schulz

Chocolate acebolado


 

As empresas da serra gaúcha precisam de ajuda. Urgentemente. De cada dez gestores com quem

converso, pelo menos sete afirmam que as coisas não estão bem. Até aqui, tudo certo, pois este “jeitão” de lidar com os negócios é prática comum por aqui, e o principal objetivo desta conduta é desestabilizar a concorrência. Todavia, mesmo que as coisas não estejam bem, estes mesmos sete executivos dizem não precisar de suporte diante das coisas “não tão boas”. Isto significa que somos auto-suficientes nas demandas de gestão empresarial? Certamente que não. Este perfil de trabalho vem sendo construído a partir de más experiências com empresas de assessoria e consultoria que por aqui navegam.

Antes de mais nada, é bom esclarecer: Existem empresas de assessoria e consultoria muito capacitadas para empreender bons projetos e tenho visto ações bem criativas decorrentes destes bons profissionais. Entretanto e lamentavelmente, estas são as exceções. A prática normal é como o título deste texto, fruto de um momento de criatividade de um dos maiores chefes que já tive na carreira, no exercício do auto-questionamento corporativo. Assim começa um bom projeto de Assessoria: com a real pré-disposição do empresário em exercitar caminhos diferentes do que já faz. Não devemos simplesmente pensar que as empresas de assessoria e consultoria é quem fazem o chocolate ser acebolado. Quem vem colocando cebola sobre o chocolate são os próprios empresários que contratam consultorias mais preocupadas em vender diagnósticos do que participar de projetos, ou professores “que tudo sabem”, mas que solicitam aos alunos a solução de problemas, ou ainda que compram os serviços pelo preço, sem atentar para a consistência de propostas. Pois bem, esta visão crítica vem para defender as empresas de assessoria e consultoria que efetivamente fazem o que resolve e que precisam enfrentar, no mercado, o grande dilema: “Sabe, eu já tive grandes problemas com consultores”...Mais absurdo ainda: existem empresários que contratam empresas de consultoria ou assessoria apenas para poder dizer que possuem um consultor. Já ouvi um empresário dizer que isso é bom, “pois faz o povo daqui (os colaboradores) se sentir pressionado”. Não é à toa que muitas empresas são uma panela de pressão, certo?

Penso que tudo isso decorre da falta do que chamo de auto-estima corporativa. De ambos os lados. Uns fingem que pagam, outros fingem que desenvolvem alguma coisa. O fato é que precisamos mudar este cenário. Se nos detivermos na quantidade de empresas de consultoria e assessoria ativas em cada município da região, ficaremos espantados. Talvez descrentes. O risco de nada dar certo numa contratação destas, é muito grande. Mas riscos fazem parte dos negócios e o mundo empresarial aprende com eles, não é? Um exemplo disso são os famosos exercícios de Planejamento Estratégico sem a conclusão dos planos, em que se lê nas portarias e recepções: Visão de Futuro – Ser referência mundial nisso e aquilo. Estas, são empresas sem caráter e o mais interessante é que os colaboradores sentem isso. Para comprovar este processo de desgaste, basta avaliar o índice de turn-over (troca) de pessoal nesta empresa. Como então melhorar nos negócios? Dando um basta aos discursos de palavras rebuscadas e termos difíceis, de parcerias de fachada, aos consultores de apresentação boa-demais que andam por aí, ou ainda exigindo início, meio e fim nos projetos.

Comprar serviços de consultoria ou assessoria é contratar, de forma temporal, mão-de-obra qualificada especificamente numa área em que a empresa tem limitações. Referências não bastam e costumam ser “montadas” assim como os Currículos de muitos profissionais. Hoje a melhor maneira de avaliar a possibilidade de sucesso num projeto de consultoria ou assessoria é conhecendo as soluções apresentadas pela empresa de assessoria a outra empresa cliente (e que tenha objetivos muito parecidos com os da sua empresa), após a avaliação cuidadosa do conteúdo da proposta apresentada. Este tipo de avaliação é sinérgica e permitirá que você, empresário, consiga analisar a aplicabilidade destas soluções na sua empresa. Depois de iniciado o projeto, o gestor precisará acompanhar passo a passo o desenrolar das fases do projeto e, mais importante, respaldar o trabalho dos assessores e consultores. Este é um bom caminho para acertarmos o passo e ter esta relação empresarial bem azeitada. Pois as soluções que as boas empresas de consultoria podem oferecer, são muitas e muito eficazes no sentido de diminuir a pressão dentro das empresas. Agora, imagine colocar cebolas e chocolate numa panela de pressão... O mundo empresarial da serra gaúcha ainda precisa digerir este prato.

 

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